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Publicado em 14/06/2025 13:13:08

Vício em jogos é o terceiro mais comum no Brasil

Em termos de prevalência, a dependência em jogos só perde para tabaco e álcool
Imagem meramente ilustrativa (Foto: Canva)

O crescimento de pessoas viciadas em jogos de azar tem preocupado especialistas que trabalham com o tema. De acordo com Hermano Tavares, professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, o vício em jogos já é o terceiro tipo de dependência mais comum no Brasil.

Ainda pouco conhecidos, os transtornos do impulso podem se manifestar de diferentes formas, e estão relacionados ao uso excessivo das redes sociais, ao consumo desenfreado de pornografia e a compras compulsivas, por exemplo. Mais recentemente, o vício em jogos de apostas também tem entrado nesse campo.

"Em termos de prevalência, de frequência na população, a dependência mais comum é o tabaco. Aí depois álcool. Terceiro lugar, e já começando a encostar no segundo, é o jogo. E é grave porque se associa à ruptura familiar, desemprego, endividamento crônico e ideação suicida", afirma Tavares. Segundo o especialista, entre os pacientes que procuram tratamento para o problema, 80% já disseram ter considerado a ideia de tirar a própria vida.

Segundo os especialistas, a ascensão da internet e do uso de smartphones impulsionou o vício em jogos de apostas, que não são relativamente novos. "Agora, aqueles ambientes de jogo, super elaborados, estão no bolso de cada brasileiro. Então, é uma mudança radical na forma de acesso e até de pensar como é essa relação com o jogo", explica Tavares.

A psicóloga Maria Paula Magalhães complementa: "Hoje, a pessoa pode jogar sozinha e ninguém está vendo. Porque se a pessoa vai ao cassino, ela tem que se deslocar até lá, tem regra, horário de funcionamento, a pessoa cansa, volta para casa. Agora não. Ela está em casa, ninguém vê que ela está apostando."

 

Como é feito o diagnóstico de vício em jogos?

Para identificar a dependência em jogos, é preciso, primeiro, atentar-se aos sinais. "A gente chama os três Cs. O primeiro 'C' é controle. Quando você vai jogar, você acaba perdendo o controle. Porque você joga por mais tempo do que queria, ou aposta mais dinheiro do que queria, perde mais dinheiro do que você imaginou que poderia perder", explica Tavares.

Já o segundo 'C' é de confronto com as emoções. "É assim: quando eu estou angustiado, triste, ou simplesmente entediado, aí você vai jogar. Isso é outro sinal de alerta", completa. O terceiro e último item é o 'C' da caça: "É a caça do resultado. Eu volto para recuperar o que eu perdi", afirma.

Os especialistas alertam que os ganhos reais proporcionados pelos jogos acabam alimentando o comportamento de continuar apostando. "Esse é o grande reforçador", afirma Maria Paula. Segundo a psicóloga, o problema é que o jogador contabiliza os ganhos, mas não quer contabilizar as perdas. "As perdas acontecem muito rápido. Por isso é importante a gente dizer: é jogo de azar. Você está fazendo uma aposta. Você está se pondo em risco", reitera.

 

Vício em jogos tem tratamento

O vício em jogos tem tratamento e pode ser feito com apoio psicológico e, em alguns casos, medicação. "A indicação da medicação é para tratar a comorbidade psiquiátrica", diz Tavares.

Segundo o professor, três em cada quatro jogadores que procuram tratamento têm uma comorbidade associada, como depressão e ansiedade, entre outros.

No entanto, os especialistas afirmam que existe, no horizonte, uma medicação específica para o tratamento de vício em jogos. "Há uma medicação desenvolvida nos anos 70 para tratar a dependência de opiáceos. Nos anos 90, ela foi aprovada em bula para o tratamento de dependência de álcool. E acho que a aprovação em bula para o tratamento de jogo é uma questão de mais alguns anos. Não é um milagre encapsulado, mas reduz as recaídas em até 30%", afirma Tavares.

Ambos os especialistas reforçam a importância de buscar ajuda. "Eu gosto de dizer que, em vez de voltar e tentar recuperar o que você perdeu no jogo, a saída é: aposte em si próprio, insista, porque faz diferença", finaliza Maria Paula.

Fonte: CNN Brasil
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